ESTAMOS SEMPRE DE VOLTA

Ganhando madeira de palanque, um microfone com palavras só de consoante

Fora da freqüência, segue gente distorcida perdida em seu próprio quintal

Valores em leilão, fantasmas pra dormir num sinal

Em tom maior ecoando justificativas de placa de poste, em som grave, bem grave

Servidas migalhas em bandeja de prata e champagne de taça

No chão a lata ilegível, amassada educação sem negrito

O encaixe alargado

Tanto certo duvidado

Muita cereja pra pouco bolo

Pouca fatia pra muita fome

O artista sendo maior que a arte

O conteúdo contrariando o encarte

Em foco a sunga, a bunda, o herói com defeito sem feito

Em off a intenção

O dono da regra na voz de comando negociando mentira como relíquia sagrada

O intolerante ganhando mais tempo, por ser aquele

Felicidade aguada, banalizada, enlatada em cerveja

Todo dia mais destaque pro roubado que pra miséria, muito mais o enxugar gelo

e pouco tempo pra evitar o gelado

Pra resolver vai tirando de cena, fechando a gaveta, apagando a luz

Quem vai passando a frente não é licença

Do senado ao vizinho um só umbigo, a displicência

Um agride, revide

Um mérito deslocado pro dissimulado

Um ego ajustando a causa

A faixa do correto discurso, prego falso já não sustenta

Nos  cansa ler o mundo de ponta cabeça querendo o endireitar

Acovardados paramos exaustos,

Mas não nos encaramos enganados no papel, não suportamos muito no recuo,

Chega uma hora que vem diferente, nos dá um canto, nos lota de força improvável,

 Olhamos de outro ponto e voltamos ao aprisco

Limpamos a identidade, gostamos da camisa que recolocamos, damos meia volta e movimentamos um exército no que somos sustentados.

Por Lu Dornaicka

Texto Estamos Sempre de Volta