QUE ATIRE A PRIMEIRA

que atire

Gostamos do igual, mas nos julgamos diferentes

Criticamos a cor, o formato, a maneira

Condenamos o vazio, a retórica, a asneira

Evitamos a pobreza, o incomum, o que falta beleza

Nosso ponto de vista,  avisa que é o melhor que se avista

Mas quando somos minoria na pele, no jeito, no discurso

Singular na dor, no pensamento, no gênero, na aparência

Desse lado da rua já não vemos mais a imagem distorcida, sem medida

Nessa calçada queremos a solidariedade, ter voz, ter abraço, ter alguém por nós

As vezes leão, outras defesa, as vezes suados de sol, outras sombra e água fresca, as vezes vítimas, outras perdoados,

Somos o outro fora de contexto, somos o outro com outras histórias e bagagens, somos o outro com ensinamentos assimilados de outra forma, somos o outro único

Uns no meio do luxo, outros sem paradeiro

 Uns se alimentam, outros rastejam

 Podíamos ter nascido lá, bem pra fora, por fora, mas estamos por aqui supondo

Interpretamos e definimos o que vemos com o que temos, mas sempre saberemos do todo um encarte, guardemos a sentença.

Por Lu Dornaicka

 Texto Que Atire a Primeira