
Na cadeira óleo lustrado acende a madeira
Tudo que vejo cintila
No opaco verniz derramado abre espaço
O vidro faz espelho, ganha imagem que clareia
O desbotado dá lugar ao clarão, aparece, incendeia
Só porque chegou de leve, como uma candeia
A tenho
No desenho do singelo,
No contorno do belo, exato e perfeito que me desmonta, me reinventa
A vejo
Na aurora,
Vão de porta semi aberta,
Fresta criada, feixe de luz
Tal e qual seu significado, a percebo no que é delicado
Borboleta, pétala e gota
Cílios e arco-íris,
Luz amena, baixo sol, baixo farol,
No silêncio, no suave, em pele de pêssego,
Seja naquela nota do violão, seja em bolinhas de sabão,
Quando joaninha faz o adereço da folha,
Quando pelúcia
Quando Natal
Quando nuvem
Quando sorriso
Quando cristal
Agora sou toda travesseiro, roupas pequenas, relógio, sono, amor de entrega, rendição
Em seu olhar um tanto do sagrado me paralisa
Concedo minha mão, minha direção, o que posso ou invento, minha oração
Faz luzir, alcança o céu, lança cor, permite o gosto
Resplandece Liz.
Por Lu Dornaicka
Texto LIZ